terça-feira, 4 de outubro de 2016

Fugir...



Hoje sinto-me cansado...cansado de mim. Não sei de onde vem este cansaço que traz apenas a vontade de sair para longe...longe de mim!
Queria esquecer-me por uns tempos. Não saber mais de mim nem de quem sou. Olhar à minha volta e não reconhecer ninguém. Fugir...

Hoje apetece-me perder a memória. Não saber dos anos, da vida...do tempo! Fazer um intervalo neste espaço onde estou. Esquecer o que o pensamento relembra e não pensar em nada além do...nada que eu quero do nada que eu sou!

Esquecer-me de mim e por um momento não mais ser eu! Recomeçar novamente com a alma lavada, pura...intocada. Sem vontades, sem medos, sem passado e sem futuro.

Queria, hoje sim... Queria renascer. Não como uma Fénix que traz com ela toda a sabedoria das vidas passadas mas apenas como uma nova alma, um novo coração...um novo ser.

Olhar vazio onde o único reflexo é o horizonte infinito onde ninguém me espera...onde não espero ninguém. Sem lembranças de gestos, de sabores, de cheiros...das cores!

Hoje poderia ser um dia bom para nascer um novo eu porque estou cansado de mim.

Mas hoje, além do cansaço que sinto, além de quem sou, há aquele que te quer bem, que te guarda na memória e que te inventa na história que é a sua vida...aquele que cria todas as ilusões, que derruba todos os limites da imaginação.

Não posso fugir de mim porque não posso fugir de ti. E se hoje me sinto cansado de ser quem sou é porque em mim, hoje, a tua falta preenche-me todos os vazios da alma e cada recanto por onde o pensamento se atreve a vaguear.

Fugir?...Só mesmo em direção a ti!

SonsCalados

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