segunda-feira, 24 de abril de 2017


Saudade...

Hoje apetece-me falar-te da saudade. Posso falar dela? Não te vai magoar a palavra ao definir o vazio que fica quando já não temos aquilo que nos faz sorrir? Ou a pessoa que nos faz tanta falta? Podia falar sobre ausência mas não é a mesma coisa. A ausência nem sempre fala da falta que sentimos cá dentro do peito. Por vezes ela resume-se apenas a um momento em que não estás... A saudade, pelo contrário, fala de ti por inteiro.

Por isso desculpa-me se hoje te falo sobre a saudade que bate ao mesmo compasso que o meu coração. Ela é a minha fiel companhia. Tem dias em que murmura baixinho como uma carícia leve o som da tua voz. Sabes que estou perdidamente apaixonado pela tua voz. Que posso dizer? Amo-a completamente. Sim gosto de muitas vozes mas a tua tem algo especial. Parece tocar as linhas que compõe o meu ser escrevendo melodias. É uma sensação simplesmente incrível e indescritível! Não sei ao certo se é por saber que é tua ou se é somente ela sozinha que se entranha na minha alma e me faz vibrar despertando todos os sentidos. Amo a tua voz... E a saudade da tua voz, tal como ela é, quente e sensual.

Por vezes a saudade leva-me de volta ao passado. Os dias que sempre achei curtos demais desfilam na minha memória trazendo momentos de cumplicidade. Foram dias compridos e cheios de sorrisos, de brincadeiras e coisas serias. Como passaram rápido e tantas vezes quis retê-los mais um pouco só para te manter perto de mim por mais um segundo. Chegava a ficar chateado por ter de dizer até amanhã quando na verdade só queria dizer para ficares mais um pouco. Acho que nunca te disse o quanto doía as despedidas nem nunca te falei de como o vazio preenchia cada espaço deixado pela tua despedida. Nunca soube lidar direito com a tua despedida em cada dia. Mas vivi com ela, dia após dia. Mas também vivi com a esperança que o dia a seguir te traria de novo para encher-me de paz, magia e amor.

Lembras daquilo que não vivemos? Acreditas que é a saudade maior que sinto? Saudade do passeio à beira-mar que aconteceu apenas na imaginação de uma cabana na praia ou de um dia de chuva miudinha com sabor a sal e a maresia. De beber um copo de vinho junto à lareira, absorvendo os instantes de intimidade que o inverno não nos trouxe. Saudade de te ver cozinhar vestida apenas com um avental para uma refeição a dois que nunca partilhamos. Sinto saudade desses momentos que nunca foram meus. Falta? Não posso sentir falta do que não aconteceu mas saudade sim...muita saudade do que poderia ter sido cada instante na tua companhia.

Hoje, falo-te da saudade porque é ela quem me faz sonhar contigo noites a fio e é ela que mantém a ilusão deste amor que me embala. Vivo a saudade de ti por isso, vivo-te. E que doce seria esta saudade se por um segundo me vivesses!

SonsCalados