domingo, 4 de setembro de 2016

Não vás!

Tenho de confessar que por momentos reconheci o quanto eras forte. Sempre foste capaz de resolver tudo sem te perderes em pormenores mesmo que esses fizessem toda a diferença. Coerente e com os pés bem assentes na terra, nunca deixaste o sonho tomar conta da nossa realidade... E o que para mim era apenas sorrisos e brincadeiras inconsequentes, sem importância e até engraçadas, para ti era um mundo real em que mergulhavas de coração aberto.
Nunca houve impossíveis para ti, apenas possibilidades mais difíceis de atingir. E tu conseguias sempre ter a paciência e a força para atingir os limites que tornavam tudo possível!

Ver-te caminhar por esse caminho que te levava para fora da minha vida, compreendi que afinal essa força que sempre te habitou foi a razão desta tua decisão. Foste embora apesar da dor te corroer a alma e mesmo sabendo que essa mesma dor me matava lentamente, não olhaste para trás.

Amar nunca foi fácil e tu sempre soubeste isso. Amaste mais do que podias, mais do que devias...mais do que eu me permitia. Amaste cada um dos nossos momentos mesmo quando em cada um deles esteve presente o fantasma de uma vida que não nos pertencia. Aguentaste todas as ausências esperando sem nunca reclamar e pior ainda foram as presenças silenciosas que sempre falaram mais alto do que eu pensava. Nessa altura, não acreditava que podia falar contigo sem soltar as palavras. Talvez pudesse ter dito o que sentia mas não podia cair na tentação que era mostrar-te tanto de mim e sei que acabei por ser apenas quem amaste sem nunca ter sido quem te amou.

Sim, confesso que me dói todos os momentos vividos do teu jeito. Porque foi isso que eu fiz...viver o teu sonho sem nunca me dar a oportunidade de sonhar também. E agora que já não estás, quero de volta todas as emoções que sendo só tuas, hoje são minhas. Mas sem as cores que te vestiam a alma, essas emoções são apenas sombras das memorias que me deixaste.

Já não estás aqui e a saudade que me corre nas veias não me deixam esquecer que um dia, amei como fui amado e por covardia ou medo, não soube dizer-te...não vás!
SonsCalados

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